Ano passado aqui no blog nós falamos de um jogo de tabuleiro chamado Cook-off (pra quem não viu, link aqui). E hoje trazemos com muito carinho aqui a nossa entrevista com o criador do jogo, Luis Francisco Baroni.
Formado em Design gráfico pela FAAP e em Design Digital no Canadá, conversamos com ele sobre sua experiência com jogos de tabuleiro e outros projetos feitos enquanto estava no Canadá. Hoje ele além de fazer trabalhos freelancer para o exterior também atua na FunBox em São Paulo.
1- Você já ao entrar na faculdade já visava o mercado de games?
Não… Só fui pensar nisso quando decidi o tema do meu trabalho de conclusão de curso, que foi um jogo de tabuleiro.
2- Como é definido o estilo de ilustração? Pois em Cook-Off os personagens são em estilo cartoon, enquanto em Draco Magi foi utilizado mais realismo.
Depende do trabalho e da empresa. Ás vezes eu já recebo a ilustração, como foi o caso do Draco Magi, mas outras vezes tenho a oportunidade de escolher pessoalmente o ilustrador e trabalhar diretamente com ele adequando ao que achar melhor. No caso do Cook-off por exemplo optei por um estilo vetorial e mais cartunesco pois queria ressaltar o aspecto cômico do jogo, e por isso escolhi o Marcelo Bissoli para fazer a arte. Já no COUP eu queria algo mais sério e com uma pegada mais artística e diferenciada das artes costumeiras de jogo e optei por chamar o Weberson Santiago para ilustrar. A princípio fiquei com receio de causar estranheza no público, mas depois vi que pelo jeito a escolha foi perfeita pois a reação do público nacional e internacional foi a melhor possível.
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| Estudo da arte para as cartas do jogo Dragon Magi . |
3- Como surgiu a oportunidade de criar o Cook-off? Quais os desafios que surgiram durante o desenvolvimento?
O Cook-off surgiu na sala de aula. Após me formar em design gráfico fui fazer uma extensão em design digital no Canadá. Lá tive aula básica de Game Design e o Cook-off surgiu como trabalho pra aula. Depois de terminar o curso continuei investindo no Cook-off, até ter a oportunidade de publicá-lo pela Funbox. Os maiores desafios acredito que como na maioria dos jogos foi fazer o balanceamento para deixar o jogo o mais equilibrado e justo possível ao se realizar as ações.
4- Como vê o mercado de games atualmente? (mercado de jogos eletrônico e de tabuleiro). Estou meio por fora do mercado de jogos eletrônicos pois tenho focado nos tabuleiros, mas em relação aos jogos de tabuleiro cada ano que passa tem crescido cada vez mais. Ano passado presenciamos várias iniciativas e esse ano promete muito!
5- Quais são as etapas que ocorre para o game ser criado? Desde a construção das regras até o boneco para ser impresso.
Primeiro é preciso ter uma ideia geral, depois produzir um protótipo bem simples e sem arte apenas pra ir fazendo os primeiros testes. Aí, você testa, testa, testa, testa, muda, testa, testa, muda, muda, e assim vai… até se ter uma versão que esteja quase pronta pra qual se pode fazer um protótipo bonito para cativar os jogadores a testar ainda mais seu jogo! Quando estiver satisfeito é hora de produzir a parte gráfica e correr atrás de alguém para publicar seu jogo, ou arriscar um self-publishing. Pra quem não tem ideia e gostaria de conhecer como é produzido um jogo na Alemanha, assista esse vídeo de uma das gráficas de jogos mais incríveis do mundo: Ludo Fact. (Link para o vídeo aqui)
6- Explorando os outros trabalhos podemos observar projetos para mobile, encontramos Suuz(e-book) e ForTheWin(game) que são aplicativos de função distintas. Queremos saber o que eles se assemelham na parte de projeto?
Na real são bem diferentes. Suuz era um projeto de livro interativo infanto-juvenil que comecei a fazer quando Digital Publishing ainda era pouco explorado. No meu curso em Vancouver tive a possibilidade de ser beta-tester da ferramenta da Adobe e foi muito interessante desenvolver algo com uma ferramenta que não estava disponível pro público em geral, apesar é claro dos desafios na produção. Já o por outro lado eu fiz apenas a interface, e o maior desafio foi lidar com as diferentes resoluções, pois bem quando estávamos concluindo o projeto saiu o iPhone 5 com a tela em outro formato e muitas coisas tiveram que ser repensadas. Mas no geral acho que em relação a projeto, o que se assemelha é principalmente a preocupação em relação a ergonomia visual do usuário ao utilizar o dispositivo móvel.
Obs: Vídeo do Suuz - Link aqui
7- COUP será o próximo lançamento da FunBox. Qual a sua participação e o que tu espera da reação do publico?
Eu estou como parceiro direta da Vanessa na Funbox Jogos. Sou responsável também pela direção de arte, design gráfico e produção gráfica. COUP é um jogaço apesar dos poucos componentes. É o que chamamos de microgame. Pra quem gosta de blefe ele é um prato cheio, mas se alguém do grupo não gostar não tem problema, pois a partida dura poucos minutos! Eu estou confiante e esperando uma boa reação do público no Brasil, mas o mais legal foi ver a reação do público internacional depois de ter as imagens publicadas no BoardGameGeek…Sucesso!
8- Quais são as suas maiores referências como designer gráfico?
Tenho como ídolo Stefan Sagmeister. Mas em relação a design gráfico aplicado a jogos de tabuleiro, minha maior referência certamente é Mike Doyle que infelizmente não tem atuado mais na área.
9- Cite alguns livros que acredita serem importante para quem tem interesse em atuar como designer.
Pra atuar como designer gráfico em geral existe uma infinidade de livros que poderia recomendar, principalmente pra referências, mas acho que alguns essenciais são:
- Pensar com Tipos;
- GRID Construção e desconstrução;
- Novos Fundamentos do Design;
- Coleção Design Básico da Bookman.
- Tabletop: Analog Game Design (download gratuito)
- Eurogames: The Design, Culture and Play of Modern European Board Games
- Rules of Play: Game Design Fundamentals.
Contato: lfbaroni@gmail.com
Portfólio: http://lu.isfrancis.co/
